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🤲 Concordo com a outra sugestão do nosso brilhante e abençoado Prof.Dr. Edison Hüttner Hüttner , que seria a possibilidade de produzir uma versão em 5D do sino com badalo e som. Essa imagem seria projetada na torre. “Assim todos poderiam vê-lo novamente e deixar seu som ecoar do campanário para todos os lados”, comenta o ilustre Pesquisador. 🙏

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Memórias e Significados do Artesanato no Território do Sisal/Bahia
Autores: Rodrigo Maurício Freire Soares, Tânia Maria Diederichs Fischer

Este artigo tem como foco os artesãos e a sua produção, abordando aspectos relacionados à natureza da atividade, à trajetória de vida dos artesãos e à difusão do artesanato produzido. Trata-se de um estudo empírico sobre o artesanato como fenômeno social e sua relação com o desenvolvimento local. Utiliza-se aqui, como objeto de estudo a pesquisa sobre mestres-artesãos e seus saberes populares no Território do Sisal -Bahia/Brasil, o qual tem como objetivo mapear mestres artesãos caracterizando os saberes populares para reconhecer, valorizar e difundir, à sociedade, as artes e ofícios populares presentes no Estado da Bahia. Visa contribuir para a sistematização dos saberes populares de caráter artesanal entendidos como tecnologias sociais em si mesmos e como parte de redes e núcleos de cadeias de produção. Neste sentido, valoriza os saberes populares de forma a se criar critérios para análise da qualidade e identificar mestres em artes e ofícios como indivíduos referenciais, estabelecendo-se uma cadeia hierarquizada de saberes. Também investiga o processo de aprendizagem e passagem de saberes existentes na atividade artesanal. A partir dos dados já coletados em campo, discute-se, neste artigo, de que forma a atividade artesanal desenvolvida no território do Sisal/BA, contribui para o desenvolvimento local nas dimensões de:
1) Passagem dos saberes;
2) Fortalecimento da identidade territorial;
3) Reforço à memória individual e coletiva.

Os conceitos-chave estruturantes desta proposta são, portanto, a passagem de saberes no artesanato, a identidade cultural e a memória social como fatores de desenvolvimento. Utiliza como percurso metodológico as informações coletadas em campo, a combinação de métodos de historiografia e história de vida (VERGARA, 2005; SOUZA & PASSEGGI, 2008), registro audiovisual (BAUER & GASKEL, 2002), pesquisa bibliográfica e levantamento documental. Trata-se de uma investigação eminentemente qualitativa com observação do tipo não participante, já que, neste caso, o pesquisador não age como se fosse membro do grupo, ou seja, ele não é parte da do contexto investigado. Utilizou-se o método indutivo em que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em consideração princípios pré-estabelecidos.
Os resultados preliminares da pesquisa são apresentados no artigo, relacionando o campo teórico apresentado aos depoimentos orais dos próprios artesãos entrevistados.
“Eis as culturas e suas honras: as vestes de couro, as panelas de barro, as cabeças de madeira, os chicotes, os fifós de lata, o carro de boi, os guizos das vacas, as bruacas de couro e os alimentos mais dignos : a mandioca, o umbu, água também, osso com algum tutano, mandacarus e cabeças de frade, farinha e carne de bode.” (Glauber Rocha)

1. Introdução
Na contemporaneidade o artesanato pode ser situado como uma matriz de resistência às tentativas substancialmente homogeneizantes de modos de produção e padrões de consumo.
Mesmo quando repetida através de numerosos exemplares, uma obra de artesanato nunca chega a ser absolutamente igual à outra, o que lhe confere uma individualidade impossível de ser obtida na produção industrializada. Por mais cópias que sejam feitas, as peças artesanais são sempre peças únicas.
O artesanato pode ser entendido como um processo de trabalho que se diferencia essencialmente do industrial pelo seu caráter manual, ou seja, o objeto se faz à mão ou com auxílio de poucas ferramentas e aparelhos simples, geralmente de criação própria ou doméstica (MARTINS, 1973 apud ARAÚJO et. all, 2006).
Segundo Wright Mills (2009), o artesanato é o modelo plenamente idealizado de satisfação no
trabalho, em que a relação entre o artesão e o produto desta a imagem que primeiro forma dela até a sua conclusão, vai além das meras relações legais de propriedade e torna a disposição do artesão para trabalhar espontânea e até exuberante. (Wright Mills, 2009, p. 59).
Para definir artesanato a pesquisa utilizou seis critérios, conforme Fischer (2007):
1. Paixão criativa – é a paixão pelo fazer, é a satisfação do indivíduo em desenvolver a atividade. O artesão exercita a sua criatividade e sente prazer em trabalhar no seu ofício;
2. Aptidão básica manual – trata-se da competência motora do indivíduo no manuseio dos instrumentos e
3. Liberdade de criação – o artesão deve gozar de liberdade para definir a sua produção, seja na tecnologia empregada, na matéria prima e, sobretudo, no tempo (ritmo da produção);
4. Autodesenvolvimento – ao tempo em que o artesão aperfeiçoa a sua peça e a desenvolve ele contribui para a o próprio desenvolvimento da atividade, em termos estéticos e técnicos;
5. Íntima relação entre trabalho artesanal e cultura – o trabalho artesanal é um fragmento da cultura e a cultura é o conjunto integrado de fragmentos humanos. A cultura é uma colagem destes fragmentos. Uma distinção entre o trabalho artesanal e a cultura é, portanto, pois ambos são, simultaneamente, fins e meios uma para a outra.
6. Íntima relação entre trabalho artesanal e lazer – A esfera do trabalho confunde-se com a esfera do ócio, sendo o artesanato muitas vezes citado como “distração”. Uma vez identificado campo do artesanato a partir destes critérios, faz-se necessário esclarecer quem são os mestres artesãos aos quais se refere esta pesquisa.
A maestria no processo artesanal é observada em um grupo de pessoas que conjugam, no seu fazer, técnica e sensibilidade. Por maestria entende-se o domínio de um campo de saberes e práticas relativamente definido enquanto natureza e estrutura conceitual, ou seja, um campo disciplinado pela própria estrutura do saber e com ritos de passagem que garantem a sua permanência e renovação (FISCHER, 2007. p.4) O artesanato qualificado associa-se à “maestria” do saber e fazer artesanal, o qual pode ser entendido como um campo disciplinado pela própria estrutura do saber e com ritos de passagem que garantem a sua permanência e renovação. Os mestres possuem os saberes que garantem qualidade ao produto, dotado simbolicamente dos atributos locais que agregam valor ao seu ofício. O termo ofício remete à artíficie a um fazer qualificado profissional, cuja maestria pode ser entendida como um conhecimento que possuem os mestres de um ofício, “que só eles sabem fazer, que lhes pertence, porque aprenderam seus segredos, seus saberes e suas artes” (ARROYO, 2002, p.18).
Os mestres dos saberes populares, ou GRIÔS, são pessoas que, por diversas razões, circunstâncias e habilidades, acumularam conhecimentos que pertencem às suas comunidades e que podemos entender como patrimônio cultural imaterial. São práticas, representações, expressões e técnicas junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. GRIÔ é o abrasileiramento (grifo do original) da palavra francesa griôt usada por africanos estudantes em universidades francesas, preocupados com a preservação de suas tradições através de narrativas. Tais narrativas não se restringiam às tradições orais. Narrar a cultura de um povo pode ser feito por muitas linguagens, como o trabalho com o barro, com a renda, com fios e fibras naturais, entre muitas outras.
O artesanato insere-se como um dos campos de representação da cultura popular, responsável por contribuir com a identidade cultural de um dado território. A identidade compreende a noção de bens culturais, abrangendo os símbolos, os signos, os valores de um universo plural, os bens ecológicos, as tecnologias, as artes, além dos fazeres e saberes tradicionais, inseridos na dinâmica do cotidiano territorial. É no contexto da cultura popular e da identidade cultural que se origina e se desenvolve as diferentes tipologias de artesanato implicando na inexorável relação entre o processo produtivo e produto com a cultura que lhe atribui significado e funcionalidade. Observa-se, no artesanato, a valorização do local e da partilha de códigos de conduta específicos e singulares, ainda que o processo imperativo de globalização vivido nos dias de hoje aparentemente pudesse nos conduzir a um processo de “destradicionalização” (GIDDENS, 1991) e de pouca referência em aspectos locais. O artesanato, tratado neste artigo, é uma expressão local, inserida numa lógica global de acirramento de diferenças em que a “dimensão cultural do local atua na globalidade como um fio invisível que vincula os indivíduos ao espaço, marcando uma certa idéia de diferença ou de distinção entre comunidades” (ALBAGLI, 1999, p.186-87).

2. O Território do Sisal como Campo de Estudo
A pesquisa, em curso, sob a qual se fundamenta este artigo, situa-se no Território do Sisal no
Estado da Bahia. A dimensão territorial do desenvolvimento é uma temática
4
recente, que ganha força anos 90. No âmbito das políticas públicas
ressalta-se, como marco regulatório importante, as ações de desenvolvimento
territorial iniciadas com a com a instalação da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial (SDT) pelo Governo Federal, em 2003, e a
implementação do Programas e Planos de Desenvolvimento Sustentável em cada
um dos Territórios Rurais.
O Território do Sisal é um destes territórios sob o qual incidem políticas públicas de
desenvolvimento federais e estaduais. Localiza-se no semi-árido baiano e integra 20
municípios: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba,
Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São
Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. O Território detém uma história de
organização dos movimentos sociais e de articulação de ações visando o desenvolvimento
local, tendo como foco a agricultura familiar. Possui uma população de aproximadamente 553
mil habitantes e uma população rural estimada em 63%. A maior parte dos municípios que
integram o Território apresentam características essencialmente rurais.
Na constituição do Território, pode-se citar dois momentos que marcam a trajetória da região.
O primeiro deles refere-se ao processo de organização de agricultores/as familiares dentro do
sistema produtivo do sisal, importante atividade econômica, que está presente na maioria dos
municípios que integram o Território do Sisal. O segundo aspecto, igualmente importante,
relaciona-se ao fato de que no Território foi sempre presente realização de ações referenciais
de organização da assistência técnica, do crédito e comercialização, voltados para a
Agricultura Familiar, através da proposição e gestão de políticas públicas desenvolvidas por
entidades não-governamentais e públicas, além de ações desenvolvidas pelas próprias
entidades representativas da Agricultura Familiar, a exemplo da criação das cooperativas de
crédito, das Associações de Pequenos Agricultores do Estado da Bahia – APAEB, dentre
outras iniciativas.
A importância da campo do artesanato no território do sisal é reforçada pelo grande número
de artesãos locais. Ainda que o sisal como matéria prima seja amplamente utilizado como
tipologia de artesanato predominante, observa-se a ocorrência de atividades desenvolvidas
com couro, barro, argila, palha, bordado e madeira. Trata-se de um território em que a
identidade local se expressa em grande parte com a atividade artesanal, a exemplo do
artesanato de sisal desenvolvido pelas Cantadeiras do Sisal (Município de Valente) ou mesmo
pelas Cirandeiras da Palha (Município de Ichu). Em ambos os casos, são evocadas cantigas de
roda durante a realização do fazer artesanal, evidenciando uma relação bastante próxima entre
a identidade local e o ofício desempenhado pelo artesão.
3. A dimensão da passagem de saberes no artesanato
É o “fio invisível” que liga o desenvolvimento da pedagogia nos últimos dois séculos, como
Rugio (1998) identifica com propriedade. Buscando origens em Jean Jacques Rousseau e
John Locke e, especialmente, em John Dewey, a aprendizagem artesanal é,
fundamentalmente, a aprendizagem do learning by doing, do aprender fazendo, do aprender
pela experiência.

Muitos são os conceitos e as perspectivas sobre a aprendizagem como fenômeno referido ao
indivíduo ou às comunidades humanas. A aprendizagem é uma ação ou fenômeno que
transforma quem a pratica ou vive, pela reelaboração de significados anteriores, criando um
novo sistema de significações.

Jean Piaget (1970), Leonid Vigotsky (1987), John Dewey (1973) e Paulo Freire (1997)
criaram conceitos e conexões que permitem significar a aprendizagem como construção social
a partir da colaboração humana. Assim, há paralelo permanente entre a realidade social e a
sua apreensão pelo indivíduo, explicitando o quanto a aprendizagem remete-se a movimento
também conflituoso e de embate entre perspectivas, modelos, ideologias.
A passagem da informação – nível de recepção de dados novos – em conhecimento – estágio
de compreensão e re-invenção do saber – é dependente de elementos como motivação,
interesse, necessidade do sujeito em aprender, além dos condicionantes simbólico-culturais,
ambientais e sociais circundantes. Essas prerrogativas da aprendizagem no artesanato estão
presentes nas comunidades tradicionais.
O repasse de conhecimentos tradicionais é comumente tratado como algo espontâneo e
natural. Tal percepção mostra-se duvidosa, pois se assim o fosse, não seriam necessárias
políticas de salvaguarda e preservação de memória em nível federal, estadual e municipal.
Todavia, as dificuldades existentes nesta passagem do “saber” e “fazer” tradicional, mais
especificamente do artesanato, ultrapassam a dimensão das políticas públicas e se estabelecem
em nível individual, na relação entre mestre e aprendiz. A abordagem que coloca este
processo como algo “habitual” desconsidera aspectos pedagógicos e culturais específicos
envolvidos.
Um dos desafios referentes ao repasse de saberes populares artesanais encontra-se no próprio
modelo cultural vigente em nossa sociedade. Com a tentativa de homogeneização de
manifestações culturais pela indústria cultural, as práticas artesanais são percebidas com
menor capital simbólico porque não podem ser apropriadas e/ou controladas em sua
totalidade.
O processo convencional de aprendizagem geralmente se depara com um problema decorrente
de premissas pré-estabelecidas. A figura do mestre como detentor de conhecimento e do
aprendiz como um receptor passivo fixa papéis limitantes para ambos os lados. No artesanato,
estes papéis não são tão diferentes. A expectativa de que o aprendiz absorva as lições do
mestre de forma natural nem sempre é alcançada. Há um campo “oculto” composto pela
sensibilidade, destreza e raciocínio do artesão, sendo difícil explicitá-lo de forma objetiva.
Por outro lado observa-se que o mestre “escolhe” o seu aprendiz, como forma de preservar
uma tradição identitária e perpetuá-la ao longo do tempo. O repasse de saberes segue um rito
de parentesco, sendo transmitido no seio familiar como forma de garantir a sua permanência e
controle da prática repassada. Outro ponto é o de garantir a continuidade da atividade sem que
isso implique na reconfiguração desmesurada das técnicas e da estética em favor de
padronização para o mercado consumidor.
4. A dimensão da memória no artesanato
A pesquisa utiliza como enfoque metodológico o percurso historiográfico. Como elucida
Vergara (2005), a historiografia visa o “resgate dos acontecimentos e das atividades humanas ao longo do tempo, possibilitando desvendar e compreender as mudanças, as
contradições e as tendências da realidade social” (VERGARA, 2005, p.130) Para
entender como uma atividade decorrente de um conhecimento tradicional pode contribuir
para o desenvolvimento local, neste caso o saber e fazer artesanal, faz-se necessário
entender como se desenvolve tal atividade em âmbito local. Isto implica em conhecer os
agentes envolvidos e como este conhecimento tem se perpetuado ao longo dos anos.
A historiografia a que se está referindo aqui se trata da “nova historiografia”, uma vez
que esta rompe com o paradigma da historiografia tradicional positivista, cujo método se
voltava à análise unicamente de documentos escritos. A “nova” perspectiva da
historiografia permite resgatar as trajetórias de indivíduos, organizações e movimentos,
possibilitando uma maior aproximação entre discurso e prática. Como compreender
aspectos da realidade que estão em constante mudança e que dificilmente são registrados
em documentos? A perspectiva aqui adotada é a de que os indivíduos incorporam as
transformações sociais e as experiências de aprendizagem, sendo, pois, fundamental a
figura do indivíduo neste contexto. O indivíduo é o porta-voz do seu pertencimento a um
dado contexto e sobre ele discorre de forma artesanalmente entrelaçada com a realidade
social, a ponto da sua própria história confundir-se com o próprio local no qual se insere.
A historiografia é um recurso metodológico essencial à esta pesquisa pois permite que se
trate o saber e fazer artesanal e sua relação com desenvolvimento não como “coisa”, mas
como “prática”. A abordagem metodológica historiográfica sugere a utilização de fontes
primárias e secundárias de pesquisa, fontes escritas e não escritas, tornando passível uma
análise a partir de um leque investigativo mais amplo, que inclui o indivíduo e não
apenas os seus registros documentais. Neste sentido, a história de vida emerge como
campo pesquisa relacionado à historiografia capaz de trazer, à pesquisa, elementos
qualitativos ao colocar em primeiro plano uma dimensão biográfica e temporal.
A pesquisa utiliza-se da história de vida como recurso visando a formulação de interpretações
possíveis de um dado processo histórico-social, neste caso o artesanato tradicional produzido
no território do Sisal/BA. A opção por esta metodologia reside na sua capacidade de suscitar
questões e pela necessidade de dar a voz às pessoas das comunidades pesquisadas. Neste
sentido, o enfoque metodológico busca uma relação mais viva com o passado e de se
conseguir obter indícios de uma “linhagem” no artesanato baiano.
A narrativa individual se constitui numa alternativa para o acesso a especificidades de uma
cultura ou grupos sociais que vivenciam dinâmicas locais. Ao eleger a história oral, tendo a
técnica da história de vida como método para a obtenção das informações, admite-se que o
discurso do indivíduo seja representativo de um contexto local, ainda que não generalizável.
A História oral privilegia a recuperação do vivido, conforme concebido por quem viveu.
(ALBERTI, 1989)
A narrativa biográfica em sociedades rurais só pode ser a narrativa de identificação do
indivíduo, com a representação e valores coletivos. Será a narrativa da identificação do
indivíduo aos modelos de saber fazer (estabelecido) e que impõe a este indivíduo o seu
“pertencimento” (SOUZA, E.C. e PASSEGGI, 2008). Como afirma Camargo e Oliveira
(2008), “Há a necessidade de se explorar como melhor utilizar as memórias e os significados
atribuídos à história local como importante recurso endógeno para o desenho de propostas
de desenvolvimento (CAMARGO e OLIVEIRA, 2008, p.3)”. Ao investigarmos o artesanato
sob o viés da identidade e passagem de saberes, a memória emerge como parte desta tríade,
cujo reforço e valorização contribuem para o desenvolvimento.
5. A dimensão da identidade cultural no artesanato
Geertz (1989) aponta que por trás de toda produção de cunho artístico há um senso de lugar.
Este lugar no conduz à noção de identidade que expressa uma dada cultua. Segundo o autor,
cultura pode ser definida como:
“um padrão de significados transmitido historicamente, incorporado em
símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas
simbólicas, por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e
desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida,
imputando à cultura um caráter público e compartilhado.” (GEERTZ,1989,
p. 66).
O artesanato insere-se como um dos campos de representação da cultura popular, responsável
por contribuir com a identidade cultural de um dado território. A identidade compreende a
noção de bens culturais, abrangendo os símbolos, os signos, os valores de um universo plural,
os bens ecológicos, as tecnologias, as artes, além dos fazeres e saberes tradicionais, inseridos
na dinâmica do cotidiano territorial.
É no contexto da cultura popular e da identidade cultural que se origina e se desenvolve as
diferentes tipologias de artesanato implicando na inexorável relação entre o processo
produtivo e produto com a cultura que lhe atribui significado e funcionalidade.
A relação identidade-território é um constructo social que se institui temporalmente tendo
como elemento primordial o sentido de pertencimento do indivíduo ou grupo com o seu
espaço de vivência. Esse sentimento de pertencimento e de concepção do espaço como locus
das práticas é o que confere ao espaço o caráter de território. No artesanato, este território
passa ser representativo das identidades e potencialidades locais expressas em cada uma das
tipologias do fazer empregadas. Segue uma visualização que indica a ocorrência das
tipologias até então encontradas nesta pesquisa até então:

Figura 1 – Tipologias de Artesanato nos municípios do Sisal

Fonte: Elaboração Própria, 2010


As localidades acima detém aspectos de artesanato que as aproximam em termos de tipologias
e modos de fazer, ao mesmo tempo em que as diferenciam de outras localidades, perfazendo
uma tensão entre o “fazer parte” de um grupo ou território a partir dos atributos que possui, e,
da mesma forma, estes mesmos atributos delimitarem um recorte que permite diferenciarem-se de outros indivíduos. Dessa forma, o artesanato é, ao mesmo tempo, reflexo de uma
construção social (cultural) ao tempo em que confere, à existência de um dado agrupamento
social, características que o singulariza.
6. Resultados preliminares
Os resultados observados a partir da coleta de dados realizada nos conduz a algumas reflexões
a partir deste recorte que coloca o artesanato sob o viés da passagem de saberes, identidade
local e memória social, sendo estas dimensões relacionadas ao desenvolvimento local. Foram
visitados 7 municípios até a presente data (abril de 2010) e neles foram entrevistados um total
de 12 artesãos, com registro, em vídeo, das suas histórias de vida a partir do depoimento oral.
Observou-se, nas entrevistas, a ocorrência das categorias citadas como características
observáveis no artesanato, das quais:
Quadro 1 – Características do artesanato identificadas registradas na oralidade dos artesãos

https://documentcloud.adobe.com/link/review?uri=urn%3Aaaid%3Ascds%3AUS%3Ae93b27e2-ddec-4880-93f1-92b197b5e328

Os últimos dias ficarão marcados na história recente do Brasil pela escalada de eventos estarrecedores. Alcançamos a triste marca de 33 milhões de pessoas com fome no país, um tribunal superior autorizou os planos de saúde a reduzir coberturas e deputados deram licença para que bancos tomem o único imóvel de um devedor.

Como se já não bastassem essas desgraças todas, um indigenista de destacada atuação e um jornalista estrangeiro desapareceram no Vale do Javari (Amazônia) há mais de uma semana, após sofrerem ameaças de morte. Hoje ficamos sabendo que dois corpos foram achados na região, onde criminosos atuam sem serem incomodadas pelas autoridades.

As mortes de Bruno Pereira e de Dom Philips revelam mais do que a inoperância das forças armadas e dos órgãos estaduais de segurança na defesa da integridade das pessoas e na proteção dos mais vulneráveis. Isso tem sido a regra no Brasil de hoje, mas não se trata de algo que começou ontem. Estamos diante de um fenômeno de muito maior gravidade.

Os assassinos do indigenista brasileiro e do jornalista britânico compõem um contingente de facínoras que age livremente no Brasil profundo há décadas. Nós sabemos disso desde Josimo, Ezequiel Ramin e Chico Mendes, passando por Margarida Maria Alves e Dorothy Stang até hoje, infelizmente, com Bruno e Dom.

A diferença é que antes essa gente tinha pudores em assumir publicamente sua faceta mais perversa. Hoje eles se sentem politicamente autorizados e estão legalmente armados.

Vivemos a antessala de um golpe de Estado no Brasil? Hoje seria algo fadado ao fracasso por duas razões simples. As condições internacionais não permitiriam e a economia brasileira está arruinada.

Mas não podemos ser inocentes em achar que essa gente toda que está armada vai simplesmente entregar suas armas e deixar de ser “colecionadores” de armas, caso sejam derrotados eleitoralmente em outubro. Não há como descartar a possibilidade destes grupos tentarem manter sua ordem miliciana, defendendo suas lideranças nefastas na base da bala, parando o país.

Tais grupos nunca ganharam tanto dinheiro como nos últimos anos. Não nos enganemos:  os rincões da selva amazônica, as profundezas do campo brasileiro e periferias urbanas como a Baixada Fluminense estão irmanadas pelos senhores da guerra e mestres da morte, sustentados por jagunços, pistoleiros e milicianos – todos da mesma laia.  E são apoiados pelos coronéis da fé e por catolibãs em nome de uma mórbida visão de religião.

A questão vai ser como parar essa gente sem entrar em um clima de guerra civil. Isso vale também para milicianos nos centros urbanos, parcelas degeneradas do agronegócio e de uma parte do grande capital nacional. Nesse clima, militares e policiais cumprirão seu papel constitucional?

Não teremos o milagre de retornar para alguma normalidade democrática neste país sem derramamento de sangue. Até porque os assassinatos de Bruno e Dom não são os primeiros e nem serão os últimos, sobretudo nestes tempos milicianos. Que o digam os sem-terra, agentes de pastoral da CPT e do CIMI, os povos originários, quilombolas, a comunidade lgbtqia+ e os moradores de morros e favelas nas grandes cidades brasileiras.

Nem nos melhores tempos de democracia formal após a Constituição de 1988 estes foram tratados como cidadãos de plenos direitos. Será que conseguiremos agora? Estamos correndo o grave risco de por o vinho novo da esperança nos velhos odres das instituições que “estavam funcionando” enquanto todas estas barbaridades estavam acontecendo diante de nossos olhos. Temos alternativas?

Diante da barbárie de um país cada vez mais distópico, onde estão as instituições que “estariam funcionando” normalmente?  Poderão elas garantir à sociedade que o Estado de Direito seja universal?

#Brasil miliciano #Bruno Pereira #Dom Philips #MortesnaAmazônia #ValedoJavari

Fonte: https://portaldascebs.org.br/mortes-na-amazonia-um-retrato-do-brasil-miliciano/

Essa data foi criada para a conscientização e prevenção de doenças cardiovasculares, primeira causa de mortalidade no Brasil (Ministério da Saúde).

O Lions Clube de Natal Futuras Gerações, aproveita esta data para conscientizar nossas comunidades.

Embora muitas pessoas achem o colesterol uma substância maléfica, ele é primordial para o funcionamento do corpo humano. O colesterol é um tipo de gordura que faz parte da estrutura das células do cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração. É importante para a formação de hormônios e até ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras da alimentação. No entanto, é preciso ingeri-lo de forma equilibrada para manter as taxas regulares. Há dois tipos principais de colesterol: o HDL, considerado “colesterol bom”, e o LDL, denominado de “colesterol ruim”. Quando em desequilíbrio no organismo, o colesterol torna-se fator de risco vascular, e aumenta a incidência de AVC, de morte súbita e doença coronariana. O desenvolvimento dessas doenças está associado a diversos fatores de risco, tais como: obesidade, aumento do colesterol, pressão alta, diabetes e tabagismo, os quais uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas podem ajudar no controle.

O excesso de colesterol ocorre por fatores genéticos e alimentares. Além dos níveis de LDL, é preciso controlar a glicose, a pressão, parar de fumar e reduzir o peso, quando excessivo.

O Ministério da Saúde lançou um material de orientações para uma alimentação cardioprotetora, no qual classifica os alimentos em cores verde, amarelo, azul e vermelho.

– Alimentos do grupo verde devem ser a base da alimentação diária, estando presentes em maior proporção em comparação com os demais grupos. Esse grupo conta com alimentos in natura e minimamente processados, ricos em vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes (verduras, legumes, frutas, leguminosas, leite e iogurte desnatado), e não contém nutrientes que prejudicam o coração.

– Alimentos do grupo amarelo devem ser consumidos com moderação, conforme necessidade de energia, pois são alimentos ricos em calorias, minerais, vitaminas, sal e gorduras (pães, cereais, macarrão, tubérculos, farinhas, castanhas, doces de fruta, óleos e mel).

– Alimentos do grupo azul devem ser consumidos em pequenas quantidades e em menor proporção em relação aos grupos anteriores, pois contêm maior quantidade de gordura saturada, sal e colesterol, que podem fazer mal para o coração (carnes, queijos, creme de leite, ovos, manteiga, doces caseiros).

– Alimentos do grupo vermelho, composto de alimentos ultraprocessados, que têm como principais características a baixa qualidade nutricional, a alta densidade energética (energia proveniente de carboidratos refinados, gordura saturada e gordura trans) e a elevada quantidade de sal, além de serem feitos com poucas quantidades de alimentos in natura ou minimamente processados. Normalmente, são formulações industriais com muitos aditivos químicos. O grupo vermelho não é recomendado por trazer malefícios e consequências negativas para a saúde, não contando para a orientação alimentar.

Para finalizar, a Presidente de nosso Clube, Marly Cuesta, deixa um apelo à população, pedindo que cada um faça a sua parte para manter esse equilíbrio, principalmente o paciente de Diabetes! Importante que procure seu Médico periodicamente.

Fonte de Pesquisa:

Dia Nacional de Combate ao Colesterol – Sociedade Brasileira de Diabetes

No dia 16 de julho de 2021, o Comandante da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada, Gen Bda Carlos José ROCHA LIMA, em importante ação beneficente fez a doação de 10 toneladas de alimentos não perecíveis para comunidades carentes da grande Natal, através de 13 Instituições Filantrópicas de
Natal, apadrinhadas pela Campanha Nacional do Exército Brasileiro “Ajudar está em nossas mãos”!

Sub-Ten Cleiton – Adjunto de Comando, Padrinho Social de nosso Clube

Nosso Clube foi uma das organizações beneficiadas, apadrinhada pela Ten Gabriele-Serviço Social do HGuN e o Sub-Ten Cleiton – Adjunto de Comando.

A Presidente Marly Cuesta e o Secretário Carmello Cuesta Télles de Conti Júnior, representaram o Clube, acompanhados de representantes de organizações parceiras.

Muito nos honra trabalhar em rede junto com nossas organizações parceiras como a Pastoral Missionária-Iza Santos, e Wilson Santos-Coordenadores da Pastoral Social da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Nova Parnamirim, Marconi Lucas e equipe do Projeto AMANA e Diretora Maria Aparecida Matias Freire da Escola Municipal de Natal Profª Emília Ramos, Cidade Nova, Natal/RN.

Marly Cuesta destacou a importância da
doação em um momento de crise econômica devido à pandemia do Corona Vírus.
Marly Cuesta destacou a importância da
doação em um momento de crise econômica devido à pandemia do Corona Vírus.

“Essas cestas básicas representam muito para as famílias de baixa renda, que tiveram suas dificuldades agravadas pelos efeitos da pandemia e o nosso clube não poderia deixar de estar empenhado desde o início em prol das comunidades em situação de risco. Afinal, nossas ações tem o foco no Servir com solidariedade e comunhão, no espírito de colaboração e assistência social através do voluntariado leonístico”.

Todas as lideranças, também, agradeceram à todos os Doadores e militares à frente desta Campanha Humanitária de Combate à Fome, uma das Causas Globais da Fundação de Lions Clube Internacional.

Alimentos entregues na Casa Social da nossa Paróquia Nª Sª da Conceição

O evento aconteceu no Pátio de formaturas do 16º Batalhão de Infantaria Motorizada, com desfile emocionante da Tropa.
O Lions Clube de Natal Futuras Gerações no dia 20 fez a entrega das Cestas básicas para lideranças do projeto AMANA e da Escola Profª Emília Ramos para posterior entrega às famílias beneficiadas.

O Lions Clube de Natal Futuras Gerações no dia 20 fez a entrega das Cestas básicas para lideranças do projeto AMANA e da Escola Profª Emília Ramos para posterior entrega às famílias beneficiadas.

Neste 12 de Junho de 2021, o Lions Clube de Natal Futuras Gerações, quer continuar fazendo a diferença com a Campanha: Aja agora para acabar com o trabalho infantil!

Junte-se à nós pelo WhatsApp (84)99917-3260


O Observatório das Metrópoles (OM) Núcleo Natal indica a leitura do artigo
“A emergência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e as respostas governamentais ao redor do mundo”, de autoria do pesquisador do OM Núcleo Natal: Rodolfo Finatti, redigido juntamente com Anderson C. Santos, Professor do Departamento de Políticas Públicas (UFRN) 🆕📗

O artigo faz parte da nova edição da Revista Aval que trata, nesta edição, as políticas públicas de saúde na pandemia de covid-19.

No artigo são apresentadas as respostas governamentais à pandemia de Covid-19, analisando as trajetórias de diferentes países em seu policy process no intuito de compreender melhor a dinâmica na pandemia e o papel dos governos.

Para leitura do artigo na íntegra:
http://www.periodicos.ufc.br/aval/article/view/60292

#Pandemia #PolicyProcess #OMNúcleoNatal

Cultura e Histórias do Sul!

A Música Do Sul

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M Vinil Folclore-Gaúcho – Álbum Discos Marcus Pereira – MPL 1029

01. Dança Da Lagoa Do Sol – Tema De Inspiração Indigena (J. Waldir S. Garcia)
02. Carreta – Carreada (Jorge L. Ferreira – Acy T. Vieira)
03. Janaíta – Milonga (Cláudio B. Garcia – J. Waldir S. Garcia)
04. Versos Perplexos – Milonga (Cláudio B. Garcia – Jorge L. Ferreira)
05. Cheracar Y Apacuy – Tema De Lenda Missioneira (Cláudio B. Garcia)
06. Gauchê – Tema De Lenda Pampeana (Cláudio B. Garcia – Rafael Koler)
07. Homens De Preto – Cena Gaúcha (Paulo Ruschel)
08. Pedro Guará – Milonga Pampeana (Cláudio B. Garcia – J. Cláudio L. Machado)
09. Barqueiro – Tema De Lagoa ( (Cláudio B. Garcia)
10. Canto Da Gente – Milonga (Alvaro B. Cardoso – J. Waldir S. Garcia)
11. Continente Americano – Tema Latino Americano (Cláudio B. Garcia)

Caixa Mega 2

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Por Jorgete Lemos
#VidasNegrasImportam No momento em que enfrentamos uma pandemia, em que alguns acreditam seriamente que aprenderemos, que sairemos melhores desta crise, como pessoas, outras crises fazem com que venham à tona questões tão antigas quanto a nossa existência. Crises de Ódio.

Já passamos pela peste bubônica no século XIV, pela varíola que durou mais de 3 mil anos e só foi erradicada em 1980, pela cólera entre 1817 e 2019, pela gripe espanhola em 1918. E em meio a tudo isso, pergunto: foram registradas melhorias disruptivas nas atitudes e comportamentos humanos em nossa sociedade? Não. Não deixamos de registrar crimes, de toda ordem. Mas, existem crises que se arrastam na esteira da existência humana movidas pelo ódio.

E o que é o ódio se não emoção negativa e intensa, causada pela crença de que o odiado é um ser desprezível, detestável e por isso não merece qualquer consideração?

O ódio pode ser contra indivíduos, grupos, comportamentos, pensamentos divergentes e até objetos, seres inanimados.

Negros odiados até à morte. Até quando?
Quando os europeus iniciaram a escravização por causa da raça, a raça foi a negra. Não temos como mudar o princípio, mas podemos mudar o final dessa história.

Antes, a prática da escravização ocorria ou não entre povos da mesma raça, etnia, mas principalmente em decorrência do aprisionamento dos perdedores em conflitos, por conquista de mais poder, espaço geográfico, riquezas e até como pagamento por perda em jogos.

Ao escravizar negros, toda uma gama de atributos negativos precisavam lhes ser atribuídos para justificar o injustificável: a escravização. A crença religiosa, a linguagem, seus costumes, todos tidos como profanos, indignos da convivência com os dominadores, foram exacerbados ao máximo, causando medo e repulsa à convivência. Assim, era muito mais fácil delimitar espaços pela limitação financeira decorrente da inacessibilidade à educação, trabalho e renda.

Pessoas foram ensinadas a odiar para garantir o status quo, mantendo ódios ancestrais, que perpetuam até hoje, ambições de poder, transmitidas de geração para geração.
Frase de Nelson Mandela
A frase acima, de Nelson Mandela, é ratificada pela biologia que tem atributos que predispõem o ser humano a odiar, mas que precisam estar associados a outras questões tais como socioculturais, econômicas, sem abrir mão da visão histórica.

E o que nos diz a neurociência? “O sentimento de ódio coincide com a ativação do cérebro de estruturas como o córtex frontal medial, envolvido na capacidade de argumentar. Tais estruturas do cérebro também participam da percepção do desdém e do nojo.” Ou seja, assim somos ensinados e estimulados a odiar.

O que é ser negro no Brasil?
O Dr. Milton Santos, geógrafo, intelectual, professor e um dos maiores pensadores brasileiros traduziu nesta frase: “Ser negro no Brasil é, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros.”

Negros incomodam, na medida em que ascendem socialmente e amedrontam os racistas que os odeiam. Precisamos falar sobre racismo para identificarmos o que é ser antirracista.

E a resposta é a violência.
#ContraOGenocídiodaJuventudeNegra
77% dos jovens assassinados no Brasil são negros que vivem em favelas e periferias. Essas mortes terminam sendo banalizadas e naturalizadas.
Apenas 8% dos homicídios viram de fato um processo judicial (Conselho Nacional de Justiça).
50 milhões de brasileiros com mais de 16 anos perderam um amigo, parente ou alguém próximo assassinado (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).
429% em 20 anos. Eis o crescimento do número de mortes de crianças e adolescentes negros até 19 anos, de 1997 até 2017, neste País (Fundação ABRINQ).
Agora, no auge da crise da COVID-19, ao falar em João Pedro Matos Pinto, 14 anos, negro, assassinado no dia 18 de maio, no Rio de Janeiro, com um tiro de fuzil, que o atravessou da barriga ao ombro, e da sua casa marcada com setenta e dois disparos, tivemos em Brasília, no dia 31 de maio, um manifesto de grupo de mascarados carregando tochas acesas…

O ódio irriga todos os podres poderes, alheios ao genocídio negro: ou morrem em decorrência da pandemia, porque são as pessoas mais vulneráveis socialmente, pela precariedade de recursos próprios e dos de responsabilidade do Estado, ou são assassinados, por apresentarem o estereótipo de pessoas do mal: cor da pele, cabelo. Depois perguntam ou não, quem é você, negro?

Impunidade: Não conseguimos mais respirar.
A reação global ao vídeo da morte da George Floyd, afro-americano que morreu em 25 de maio de 2020, depois que o policial Derek Chauvin, de Minneapolis se ajoelhou no seu pescoço por pelo menos sete minutos, enquanto ele estava algemado e deitado de bruços… É uma boa mostra que tudo cansa; tudo tem seu fim.

Manifestações vindas da Grécia, França, Nova Zelândia, Alemanha, Inglaterra, Brasil, mostram que está ocorrendo uma tomada de consciência por parte também do agressor, quando polícias americanos se postam de joelhos diante dos negros.

Policiais estão cansados de serem chamados de assassinos. Esta será a grande virada: termos representantes dos agressores juntando-se aos agredidos, pois se foram ensinados a odiar, também podem ser ensinados a amar, ou melhor, a tomarem consciência que juntos sempre seremos mais fortes e os resultados devem ser para o todo; não para as pequenas partes, opressoras.
Pelo fim da violência contra a juventude negra no Brasil
Reafirmando o compromisso de implementação da Década Internacional de Afrodescendentes, o Sistema ONU Brasil lançou no Mês da Consciência Negra de 2017, a campanha nacional “Vidas Negras”.

A iniciativa busca ampliar, junto à sociedade, gestores públicos, sistema de Justiça, setor privado e movimentos sociais, a visibilidade do problema da violência contra a juventude negra no país. O objetivo é chamar atenção e sensibilizar para os impactos do racismo na restrição da cidadania de pessoas negras, influenciando atores estratégicos na produção e apoio de ações de enfrentamento da discriminação e violência.

Não permita que o racismo deixe a juventude negra para trás
No Brasil, sete em cada dez pessoas assassinadas são negras. Na faixa etária de 15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas horas. De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes teve queda de 12% para os não-negros, entre os negros houve aumento de 18,2%. A letalidade das pessoas negras vem aumentando e isto exige políticas com foco na superação das desigualdades raciais.

Segundo pesquisa realizada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado Federal, 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco”. O dado revela como os brasileiros têm sido indiferentes a um problema que deveria ser de todos.

A campanha quer chamar atenção para o fato de que cada perda é um prejuízo para o conjunto da sociedade. Segundo dados recentemente divulgados pelo UNICEF, de cada mil adolescentes brasileiros, quatro vão ser assassinados antes de completar 19 anos. Se nada for feito, serão 43 mil brasileiros entre os 12 e os 18 anos mortos de 2015 a 2021, três vezes mais negros do que brancos. Entre os jovens, de 15 a 29, nos próximos 23 minutos, uma vida negra será perdida e um futuro cancelado.

A campanha defende que esta morte precisa ser evitada e, para isso, é necessário que Estado e sociedade se comprometam com o fim do racismo – elemento chave na definição do perfil das vítimas da violência.

O Brasil está entre os 193 países que se comprometeram com a agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, tomado a decisão de não deixar ninguém para trás. Se o racismo tem deixado os jovens negros para trás, ele precisa ser enfrentado. “Vidas Negras” é um convite aos brasileiros e brasileiras a entrar no debate e promover e apoiar ações contra a violência racial.

ONU: “Só avançaremos quando confrontarmos juntos o legado racista da esc… https://youtu.be/UvEUyJuoxW8?list=PLUZOt6bFc2fgZZ_jJaNaZIwqGV0ATK5g5

https://nacoesunidas.org/campanha/vidas-negras/

(1) https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/12/ciencia/1513073061_342064.html
(2) https://anistia.org.br/um-pacto-pela-vida-dos-jovens-negros/
Por Jorgete Lemos, sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.

Fonte: https://rhpravoce.com.br/posts/vidas-importam-sim-vidas-negras-importam
https://nacoesunidas.org/campanha/vidas-negras/
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